Profetizar é comunicar a Palavra de Deus e não a nossa.
- Pierre Leonidas
- 22 de jan.
- 6 min de leitura

Texto base: Ezequiel 36-37
Nestes capítulos, Deus revela sua capacidade de restaurar Israel tanto espiritualmente quanto fisicamente. A narrativa é dividida em duas partes: a visão (v.1-14) e a segunda trata da restauração do povo de Israel, simbolizada pela união das duas metades do reino (v.15-28).
A visão (Ezequiel 37:1-14).
Ezequiel é levado pelo Espírito ao vale cheio de ossos secos, símbolo da condição do povo de Israel, que estava em exílio e sem esperança. Mediante a ordem do Senhor, ele profetiza e aqueles ossos passam a ser um grande e númeroso povo, como um exército.
A União dos dois reinos (Ezequiel 37:15-58)
A segunda parte do capítulo aborda a união das duas metades do reino de Israel: Reino do Norte (Efraim) e Reino do Sul (Judá). O Senhor promete que reunirá seu povo, estabelecendo um único reino sob um único rei, que será o messias. A presença de Deus habitará com eles para sempre (v.27).
Introdução
Este texto é alvo de inúmeras interpretações, desde as mais sensatas até a mais distantes do seu sentido original. Alguém com a visão Neopentecostal (oriundo da Teologia da Prosperidade) diria que está palavra está se referindo as bençãos de Deus sobre os crentes (carro, casa, promoção no trabalho, vingança gospel etc. (...).) e como devemos determinar sobre nossa situação como as coisas devem ser, seguido de um pensamento positivo e uma pitada de mantra (sincretismo). Já uma visão universalista diria (sem ler o contexto) que de uma forma ou outra Deus iria salvar a todos no final. Uma visão Liberal diria que na verdade Deus não pode fazer milagres, e que Ezequiel comeu demais e por isso estava delirando ou era esquizofrênico.
Infelizmente, vivemos uma sociedade materialista (visão aristotélica) e está em ascensão a visão de mundo existencialista (a vida é só o que temos aqui, plantamos e colhemos enquanto estamos respirando e quando morrermos será o fim). Sendo assim, aquilo que é espiritual e eterno é negligenciado e tratado como perca de tempo. Com estes óculos, muitas pessoas leem a Bíblia e pensam “bom, deixa eu ver como Deus pode me dar o que eu quero ou resolver os problemas que eu me enfiei por conta própria”. É ignorado todo o ideal de princípios e valores, leis gerais, criadas por Deus, que regem o mundo e o mantém em funcionamento. Por exemplo, é mais fácil entregar uma enorme oferta para que Deus resolva meu casamento, do que analisar o porquê da crise e reajustar a rota, sendo um marido melhor ou vice-versa. É mais fácil receber uma oração milagrosa que me faça perder o desejo pelo pecado, do que me arrepender e decidir mudar todos os dias, escolhendo a Deus e não os prazeres da carne. Sendo assim, procuramos sempre o meio mais rápido e fácil de resolver o aqui e agora, pois isto é tudo que temos.
Para entendermos este texto com maior profundidade, precisamos entender o contexto histórico em que a nação de Israel se encontrara. O ano era 598 a.c. quando Nabucodonosor invade Jerusalém, toma a cidade e retira dela todos os homens capazes de aprender a cultura e língua, jovens fortes e sábios são levados, inclusive Daniel e seus amigos. Um pouco antes deste período, Deus levanta profetas que anunciavam este momento, como por exemplo, Isaias (Is 39), que profetiza sobre o cativeiro babilônico em torno de 125 anos antes de acontecer. O livro de Ezequiel está repleto de palavras do juízo de Deus contra os falsos profetas (Ez 13:1-23), contra os idolatras (14:1-23), contra a nação (Ez 15;16:1-59), inclusive chamando-a de adultera (esposa infiel). Desta forma, vemos que o cativeiro é juízo de Deus. Um chamado ao arrependimento e mudança por parte do povo. Mesmo em meio a este cenário, Deus promete renovar a Aliança com seu povo (Ez 16:60), pois ele é Deus misericordioso.
Os capítulos 36 e 37 são uma promessa de restauração de Deus para com seu povo e o estabelecimento do reinado do messias, representado como a continuidade da descendência de Davi. Não somente isto, estes capítulos também apontam para o novo nascimento que o Senhor geraria no seu povo, dando-vos um novo coração e um novo espírito, disposto a obediência e fidelidade. Uma promessa clara sobre o Espírito Santo (36:26-28).
Nós éramos exatamente como o povo no período do exilio, escravos e sem esperança, mas Deus enviou seu filho, para que através da sua morte, nós tivéssemos vida (Ef 2:1-10).
Ezequiel 36:1-38
O verso 2 fala sobre a vergonha em que o povo estava, dominados e esquecidos. Os versos 3-15 apontam para a restauração de sua terra e seu povo, o verso 11 diz que o Senhor multiplicará homens e animais, pois estes foram levados por Nabucodonosor. Deus diz que os israelitas contaminaram a terra por sua má atitude e por isso receberiam toda a ira do Senhor. Mesmo espalhados entre as nações, continuaram a profanar o nome de Deus (v.20). Há restauração não aconteceria por mérito do povo, mas pela misericórdia e graça do Senhor (v.22). O povo lembraria dos seus pecados e sentiria nojo (v.31).
Ezequiel 37:1-28
Profetiza está no imperativo, é uma ordem ao Profeta. “Profetizar” vem do hebraico “nabá” e significa “comunicar a mensagem de Deus”. No contexto, implica a instrução divina que deve ser dada aos ossos secos, destacando a autoridade e urgência do comando divino. Quando aquilo que Deus falou é profetizado, materializa-se a promessa. É ligado na terra e no céu! (Mateus 18:18).
A conclusão da visão está nos versos 11-14. O profeta deve profetizar (comunicar a mensagem de Deus) e a versão King James diz: “Profetiza e prega”. Pregar significa “deixar firme”, a tempo e fora de tempo (2Tm 4). A mensagem de Deus é: “abrirei a vossas sepulturas! Eu mesmo vos farei sair dos vossos túmulos”. O verso 14 é uma promessa clara sobre o derramamento do Espírito quase 600 anos depois. “Derramarei dentro de vós o MEU ESPÍRITO, e vivereis”. Romanos 6:11 vai nos dizer que devemos “considerar-nos mortos para o pecado e vivos para Deus”.
Um só Rei e Senhor, Jesus 37:24-28
Um rei semelhante a Davi os governará. Todos terão um só pastor e obedecerão fielmente (v.24). Celebrarei uma aliança de Paz eterna com eles (v.26).
Considerações finais.
1- Deus restaurou o povo de Israel de volta para sua terra, e cumpriu o que prometeu.
2- Em Atos 2, O Espírito do Senhor foi enviado a terra e agora habita dentro de todos aqueles que recebem a Cristo como Senhor e Salvador.
3- Jesus, o messias prometido, venho ao mundo e estabeleceu o Reino de Deus entre os homens. Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Ele é o sumo Pastor.
4- Deus está no chamando para Profetizar (comunicar a mensagem de Deus)! e a mensagem é: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado! Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque, Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Portanto, Deus enviou o seu filho ao mundo não para que o mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no Nome do Filho unigênito de Deus.”. João 3:14-18
Apelo
Deus pode e quer trazer vida ao seu coração, sua casa, seu ambiente de trabalho, mas a parte dele já foi feita na cruz, cabe agora fazermos a nossa parte.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? Romanos 10:14-16
Deus opera no sobrenatural, mas espera que nós façamos a nossa parte. Pregar o evangelho é mais do que falar sobre Deus, é preciso ser um reflexo de seu caráter, e assim apontar para ele com sua vida. Desta forma, alcançaremos aqueles que amamos para o Senhor, as terras devastadas terão vida novamente, o vale de ossos secos se tornará em um númeroso povo. A Palavra já foi dada, agora vá! Profetiza!
Escrito por: Pierre Leonidas Veiga. Pastor e Teólogo.
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